sábado, 8 de fevereiro de 2014

Na Cozinha

- Olha! Vem aqui no jornal a falar do Burroughs. Parece que em vários países se estão a criar eventos para comemorar o centenário do nascimento do homem.
- E eu com isso. Sei lá bem quem é o Burroughs!
- Era um gajo que fazia da marginalidade um ofício.
- Assim estilo o Pessoa?
- Não! Meu Deus! O Pessoa não era um marginal. Era um intelectual. Um idiota, por assim dizer. Vivia todo enrugado dentro da cabeça, como um feto.
- Bom, e o que é que esse Burroughs fez de especial?
- Primeiro que tudo morreu, senão não o estavam a celebrar e em vida drogou-se com tudo que lhe vinha à mão, heroína, morfina, álcool, tabaco, remédio para as baratas, tudo. Escrevia contra a corrente, da maneira mais obscena possível. Causou grande escândalo e virou um ícone porque foi mais longe do que qualquer outro nessa capacidade escatológica.
- E é famoso por causa disso?
- Agora é, e até foi em vida. Quer dizer, teve os seus seguidores. Tornou-se uma figura de culto.
- Então…sei lá, assim como o Bukowski que tanto aprecias?
- Não. O Bukowski ao lado dele era um menino de coro. Não interessa.
- Que é que diz aí da previsão do tempo? Vai continuar a chover?
- Sim.


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