Morreu no passado dia 2 o actor Philip Holfman com 47 anos, no seu apartamento de Nova Iorque, rodeado de heroína. Presto aqui uma humilde homenagem ao grande actor que ele era. De repente logo me vieram à ideia várias interpretações dele em vários filmes como em Magnólia, ou em Happiness de Solondz, ou é claro a espantosa interpretação de Truman Capote. Era acima de tudo de uma versatilidade incrível, pouco comum nos actores actuais. Era tal a intensidade que emprestava às figuras que interpretava que fazia com que papeis secundário marcassem todo um filme, caso de Happiness, por exemplo. E esta versatilidade não lhe vinha de uma qualquer máscara, ou adereços que usa-se na construção da personagem, não, era uma coisa interior, anímica.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Na Cozinha
- Olha! Vem aqui no jornal a falar do Burroughs. Parece que
em vários países se estão a criar eventos para comemorar o centenário do
nascimento do homem.
- E eu com isso. Sei lá bem quem é o Burroughs!
- Era um gajo que fazia da marginalidade um ofício.
- Assim estilo o Pessoa?
- Não! Meu Deus! O Pessoa não era um marginal. Era um
intelectual. Um idiota, por assim dizer. Vivia todo enrugado dentro da cabeça,
como um feto.
- Bom, e o que é que esse Burroughs fez de especial?
- Primeiro que tudo morreu, senão não o estavam a celebrar e
em vida drogou-se com tudo que lhe vinha à mão, heroína, morfina, álcool,
tabaco, remédio para as baratas, tudo. Escrevia contra a corrente, da maneira
mais obscena possível. Causou grande escândalo e virou um ícone porque foi mais
longe do que qualquer outro nessa capacidade escatológica.
- E é famoso por causa disso?
- Agora é, e até foi em vida. Quer dizer, teve os seus
seguidores. Tornou-se uma figura de culto.
- Então…sei lá, assim como o Bukowski que tanto aprecias?
- Não. O Bukowski ao lado dele era um menino de coro. Não
interessa.
- Que é que diz aí da previsão do tempo? Vai continuar a
chover?
- Sim.
Crianças Maltratadas
Conheço razoavelmente alguns jovens entre os dez e os
catorze anos, graças ao facto de dar aulas e de ter sobrinhos, mais ou menos
com essa idade. Depois de horas e horas na escola são enfiados em outras
instituições de carácter formativo ou meramente lúdico para, supostamente,
adquirirem outras capacidades que os façam desenvolver física ou mentalmente.
Não vou discutir a qualidade desse ensino que praticam, porque isso seria uma
outra conversa, longa. Mas sim, a quantidade de horas que os fazem passar
nestas organizações, sem os deixarem criar um espaço próprio para se acharem
enquanto pessoas únicas. Cria-se agora a ilusão de que eles através das várias
narrativas imagéticas que lhes chegam através dos novos suportes digitais,
criam um espaço de solidão e auto-satisfação, onde se organizam. Nada mais
falso. Estão sim sujeitos a uma narrativa de sentido único, que os colocará em
tempo oportuno na linguagem do poder. Facto facilmente detectável quando se
fala com eles sobre este preciso problema.
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