quarta-feira, 28 de julho de 2010

O calor, a lua, a noite
A camisola colada ao corpo
O vento fresco que se foi
Os turistas perdidos como moscas a marrarem num vidro
O rapaz que me vende os cigarros,
Mal me olha e não agradece.
A mãe do fundo do balcão diz: Obrigado!
Como se fosse uma máquina registadora.
O Majestic está cheio.
Cá foram brincam uns miúdos, não se percebe a quê…
Mas riem-se e correm de um lado para o outro.
Que inveja,
Desta satisfação sem sentido.
Saí para comprar cigarros.
Mas a verdade é que procuro sinais dela em todos os sítios. Nos prédios vazios, nas cabines telefónicas que já ninguém usa, nas saídas do metro, nos cafés,
Na rapariga que está sozinha na esplanada, ou em outra que se destaca no meio de um grupo, em muitas das que vão à minha frente pela rua fora. Desejo tanto encontrá-la que a vejo em todas as outras.
Não encontrei.
Diga-se, que também não fui aos sítios mais prováveis que ela estivesse.
Nunca me interessaram as coisa fáceis.
Derreto a ouvir Anouar Brahem a tocar oud, como se estivesse em Marrocos.
A realidade é aquilo que conseguimos fazer com ela.

domingo, 18 de julho de 2010


O Keith Jarrett está velho, o Charlie Haden também. Gravaram um discos juntos depois de muitos anos e chamaram-lhe “Jasmine”.
A música tornou-se subitamente “simples” e eles também. Dizem que é a maturidade. Não sei. Sei que é eficaz, comovente e nostálgico.
Se calhar porque pressentem a morte querem desesperadamente comunicar e ser ternos com os seus semelhantes. Tudo é perfeito e limpo. O Jarrett canta e não geme como de costume, nunca tão contido, nunca tão poético.
Mais um disco com o selo ECM.