terça-feira, 26 de abril de 2011


“25 de Abril Sempre!”
Eram praí uns trezentos. Tenho uma certa dificuldade em quantificar massas humanas mas não devo de estar muito enganado. Aliás não sou só eu que tenho esta dificuldade, basta ver as diferenças de cálculo quando se trata de avaliar o número de pessoas que estão em manifestações politicas. Os números do governo são uns, os da polícia são outros e os das organizações que as promovem outros ainda.
Eram praí uns trezentos.
Mais mulheres que homens e algumas crianças. Adolescentes não se viam e a média de idades devia rondar os quarenta e daí para cima. Ou para baixo, depende do ponto de vista.
Os carros de apoio e alguns sujeitos da organização através de megafones, gritavam as palavras de ordem de sempre, especialmente “25 de Abril sempre, Fascismo nunca mais”. Nas esquinas grupos de pessoas observavam o cortejo. Turistas de máquinas em riste, disparavam satisfeitos com o espectáculo. Anacrónico em todos os seus elementos deve-lhes ter trazido lembranças de um passado remoto.
A verdade, o dramático, é que manifestações destas, principalmente nestes moldes se tornaram anacrónicas e sem qualquer tipo de eficácia a não ser do próprio espectáculo. Espectáculo em directo para quem participa ou observa e espectáculo em diferido pelas televisões. Só existe enquanto espectáculo.
Os manifestantes dirigiam-se à Avenida dos Aliados. Lá devem ter havido discursos e mais palavras de ordem e palmas e apupos.
Os desesperados não estavam lá. Uns estariam a trabalhar, outros a procurar em livros teorias que lhes sustentem a razão, a maior parte a ver televisão ou na net.
25 de Abril a partir de uma esquina, no Porto.