terça-feira, 31 de março de 2009

This Is The New Shit

Marilyn Manson

Everything has been said before
There's nothing left to say anymore
When it's all the same
You can ask for it by name
Babble, Babble, Bitch, Bitch
Rebel, Rebel, Party, Party
Sex, sex, sex, don't forget the violence
Blah, blah, blah
Got your lovey-dovey sad and lonely
Stick your stupid slogan in
Everybody sing along

Are you motherfuckers ready for the new shit?
Stand up and admit it, tomorrow's never coming
This is the new shit
Stand up and admit it
Do we get it? NO!
Do we want it? YEAH!
This is the new shit
Stand up and admit it

Babble, Babble, Bitch, Bitch
Rebel, Rebel, Party, Party
Sex, sex, sex, don't forget the violence
Blah, blah, blah
Now it's you-know-who
I've got the you-know-what
I stick it in the you-know-where
You know why, you don't care

Let us
We're entertaining you
Let us
We're entertaining you

Efeito Borboleta

Um dedo na porta ou a porta no dedo é indiferente. A corrente de ar ou o vento, é indiferente. Aquele momento e não um outro antes ou depois, mas exactamente aquele momento, não é indiferente. A tontura evidente. A queda consequente. O bater da cabeça já dormente não importa em quê. O arrastar-se até à cama. O telefonema a pedir ajuda. O Hospital todo de branco. O coma eminente. O fim. O espaço e o tempo. A vida no seu estado absoluto.

segunda-feira, 30 de março de 2009

17 de Junho de 2009 Coliseu do Porto - Marilyn Manson


Dia de domingo. Muito menos gente na cidade, menos carros, tudo muito mais calmo, as pessoas mais leves. Porque é que os outros dias não são domingo?

domingo, 29 de março de 2009

Branquinho

Sim sim sim sim, é verdade, continuam a pedi-lo branquinho. Podia ter sido uma moda passageira ou coisa assim, mas não. E fazem-no empregando uma entoação que parece anunciar algum tipo de reflexão sobre o assunto, algum tipo de teste efectuado durante anos que as levou à conclusão de que branquinho é que é bom. Estilo: não me venha cá agora com isso bem cozido a parecer que foram feitos em África!
Já manifestei o meu protesto por várias vezes, mas infelizmente faço parte também nisto, duma imensa minoria que não dá lucro.
- Dê-mo branquinho, ouviu?
Isto é uma espécie de pregão que remeto ao feminino, já que me dá a impressão que o masculino no geral não especifica o tipo de cozedura e muito menos faz referência à cor do dito.
E pior, tenho constatado que algumas amigas o fazem. Ficam na lista negra, claro.
A facilidade com que as memória se rompem, com que os hábitos se transformam, a favor de uma moda que se torna uma nova memória e um novo hábito.
- As pessoas é que pedem assim! Respondem aos meus protestos os executores. Mas as pessoas também se educam, não?
- Dê-mo branquinho, ouviu?

sábado, 28 de março de 2009


Lee Miller (1930)

Das Formas

O Público e o Privado

É claro que já toda a gente experimentou o alívio que se sente ao fechar a porta de casa ao fim do dia. Despidos dos formalismos e dos comportamentos socialmente correctos damos forma à nossa liberdade individual das mais diferentes maneiras. Mas mesmo aqui, no espaço do privado, apenas quem vive só pode desfrutar dessa liberdade de “ser”. As expectativas que os outros têm de nós, dos nossos comportamentos, são sempre uma inibição à expressão da nossa liberdade individual.
Dizem que o público está a sobrepor-se ao privado. Não me parece. O que está a acontecer é que uma nova “região” da representação humana ganha forma paralelamente às outras. O virtual impõem-se progressivamente e torna-se parte do jogo dinâmico social, mas não se trata do espaço público nos termos em que este é historicamente definido. A menina inglesa de nome Jade, que vendeu a sua caminhada para a morte às redes de televisão inglesas, não se colocou no espaço público da polis, colocou-se sim num espaço virtual de dimensão universal.
A Roma Imperial está longe e longe estão os momentos em que as virtudes, mas também os desejos eram públicos. Ainda mais longe os tempos em que o chão era a terra e o tecto era o céu.
A época moderna fez da esfera privada o símbolo do bem-estar e do encontro do homem consigo mesmo, do individualismo portanto. Mas o que aconteceu é que o homem não teve nenhum encontro consigo mesmo e desenvolveu um individualismo e um narcisismo que não era próprio das massas. O espaço público vê-se por essa razão restringido num dos seus valores mais operativos que era o convívio social e participação genuína no desenrolar das dinâmicas sociais da polis.
É claro que já toda a gente experimentou o alívio que se sente ao fechar a porta de casa ao fim do dia.
Voltamos ao nosso mundo, o outro ficou lá fora – o virtual está ao nosso dispor enquanto o conseguirmos controlar.

sábado, 21 de março de 2009


A.S.
E toda a questionação da Arte começa aí, na evidência de que ela não é um acrescento do homem, mas o esclarecimento ou superior objectivação do que era já consubstancial. A relação do homem com o mundo fala a linguagem da emoção, ou seja o que não é ainda linguagem. Porque falar é condensarmos na falta o que nela procura existir ou manifestar-se. Assim a voz primordial tem a tonalidade da adesão ou da recusa. Essa voz que perdura para a vida inteira jogo difícil de a exprimir. Que é que nos dá seja o que for senão o que nisso sentimos?


Porque uma obra é o que é, mais, o que a faz ser na emoção que desencadeia na palavra que a disse.

E é por isso que tudo quanto se disser de uma obra de Arte a deixa afinal intacta.

(a interpretação da obra de Arte) é uma comunhão de circunstância que mais diz da nossa procura do que do nosso encontro.

Vergílio Ferreira

quarta-feira, 18 de março de 2009

1930 FLASH-BACK

Falências em bancos de todo o Mundo
Falências de empresas, gerando desemprego e quebras no consumo
Quebra das moedas europeias
Aumento da criminalidade
Diminuição das importações de matérias primas
Diminuição da exportações e falências nos países exportadores
Desorganização nos pagamentos internacionais: grave contracção no comércio mundial.
Soluções para a crise: intervenção do Estado na economia, abandono do liberalismo económico e alterações nos regimes políticos.

Comentários

Pronto! Já resolvi o problema dos comentários. Podem comentar à vontade e assim escusam de mandar os mails para o gmail.
Não gosto no geral da obra do António Lobo Antunes e dele próprio também não, ou antes, da imagem que nos é possível ter dele quer pela televisão quer pelos jornais. É sabido, não?
Não que não tenha ido lá (à obra) por mais de uma vez tentar perceber o enigma do sucesso. Acho uma grande maçada aquela estrutura narrativa pretensamente moderna e sobretudo a presença constante de um ego exacerbado que salta a cada página a cada artigo de jornal a cada entrevista.
Há no entanto micro-momentos em que o acho interessante. Como por exemplo quando diz em entrevistas que o melhor escritor vivo é ele próprio e se recusa a nomear nomes de outros escritores, ou se mete com o prémio Nobel Saramago. Agora descobri outro desses momentos que é este que se mostra em baixo, onde o homem mostra a sua veia para a rábula e mais uma vez goza o Saramago. Vejam que vale a pena.

Sinto-me um bocadinho melhor. Aquilo de ontem era a brincar meninos! Sempre tão sensíveis! Eu quero mesmo é que me chateiem, devagarinho, lentamente, em lume brando.
Está um calor absolutamente anormal para a época. Estou constipado. Todo eu sou nariz, cabeça cheia de pregos, corpo a fraquejar. Não me chateiem.

Meredith Monk

domingo, 15 de março de 2009



Odisseia / Ilha de Capri / Fritz Lang / Brigitte Bardot / Michel Piccoli / Jean luc-Godard/ Le Mépris / Alberto Morávia / Os Deuses do Olimpo / O Amor
As imagens mais que as palavras, mas ainda assim as palavras :

Brigitte Bardot + Michel Piccoli

Camille: Tu vois mes pieds dans la glace?
Paul: Oui.

Camille: Tu les trouves jolis?
Paul: Oui, très.

Camille: Et me chevilles, tu les aimes?
Paul: Oui.

Camille: Tu les aimes mes genoux, aussi?
Paul: Oui, j'aime beaucoup tes genoux.

Camille: Et mes cuisses?
Paul: Aussi.

Camille: Tu vois mon derrière dans la glace?
Paul: Oui.

Camille: Tu les trouves jolies mes fesses?
Paul: Oui... très. (...)

Camille: Et mes seins, tu les aimes?
Paul: Oui, énormément. (...)

Camille: Qu'est-ce que tu préfères: mes seins, ou la pointe de mes seins?
Paul: Je sais pas. C'est pareil.

Camille: Et mes épaules, tu les aimes?
Paul: Oui.

Camille: Moi je trouve qu'elles sont pas assez rondes... Et mes bras?
Paul: Oui.

Camille: Et mon visage?
Paul: Aussi.

Camille: Tout? Ma bouche, mes yeux, mon nez, mes oreilles?
Paul: Oui, tout.

Camille: Donc tu m'aimes totalement!
Paul: Oui. Je t'aime totalement, tendrement, tragiquement.

Camille: Moi aussi, Paul.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Do Dia

O Manuel Alegre não copula nem sai de cima como se costuma dizer. Já não dá para aturar mais esta postura.
Um pai esqueceu-se do filho toda a manhã, dentro do carro ao sol. Este morreu. A culpa! A culpa! Isso vem logo o povo resolver com a ajuda dos media que são uma espécie de porta-voz do mesmo.
O primeiro-ministro, possivelmente com aquele esgar de positivismo no rosto a que nos habituou, descobriu que a solução para o desemprego é mandar o pessoal para Angola. Pelo menos estão longe, não andam para aí a chatear. Está agora em Cabo Verde a vender computadores Magalhães, entre outras coisas.
A máxima de 23 graus prevista para hoje parece que se cumpriu. O dia esteve excelente. As pessoas mais bem dispostas, mesmo na Loja do Cidadão. Mesmo os sem-abrigo. Mesmo a senhora que vende peixe numa canastra à porta da farmácia e que tem que andar sempre a fugir da policia para não ter chatices e que deixou de dizer os pregões habituais para se anunciar, não sei se por ter ficado afónica, ou se por ter medo de ser sinalizada.
A CGTP organizou uma manifestação que ao que parece teve uma presença de cerca de 200 mil pessoas na praça da liberdade em Lisboa. Ouvi o Carvalho da Silva à noite nos noticiários sobre o assunto e foi triste. Não tem nada de concreto para dizer. “Foi lindo!” diz ele. É triste.
Pelos ouvidos: John Dowland – The Collected Works – The Consourt Musike (Anthony Rooley).
Muitos turistas espanhóis nas ruas do Porto. Passa-se alguma coisa, não? Tipo classe média baixa, devem vir aos saldos. Com o subsidio de desemprego que têm deve dar para virem fazer umas férias a Portugal numa boa.
Às seis e meia da tarde já é praticamente noite, daí que repare que há lojas da baixa que mantêm as luzes apagadas. Dentro, funcionárias entediadas de olhar cansado, olham para a rua, não se percebe bem se na ânsia de novo cliente ou se por aguardarem apenas as sete horas para pôr fim àquele tédio e começar finalmente o verdadeiro inferno que é gerir o ambiente familiar nestes dias de queda e nos outros também claro. Entretanto lá fora uma rapariga cancerosa vende a sua morte às prestações pela televisão e pelas revistas. O Dalai Lama trava-se de razões novamente com o presidente Chinês por causa do Tibete. Deixei de acreditar neste Dalai Lama há muitos anos. Fala e age como um vulgar politico europeu. Na revista americana que todos os anos faz a sondagem dos mais ricos do mundo, continuam a aparecer portugueses. Américo Amorim o nosso amigo Joe Berardo, o Belmiro desapareceu da lista. Deve estar triste, compreensivelmente.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Strange Fruit


Billie Holiday

Danny Boodman T. D. Lemon Nighteen Undred

Aquela cidade imensa.
Não se conseguia ver o fim dela.
O fim... por favor!
Por favor, podes mostrar-me onde acaba?
Estava muito bem naquela escada do portaló
E eu estava espectacular no meu sobretudo.
Estava elegantíssimo.
E estava decidido a partir.
Sem dúvida.
O problema não foi esse.
Não foi o que eu via que me deteve, Max.
Foi o que eu não via.
Compreendes ?
O que eu não via.
Naquela cidade imensa havia tudo menos um fim.
O que eu não via era onde aquilo acabava.
O fim do mundo.
Um piano, por exemplo...
As teclas começam e as teclas acabam.
Sabes que há 88.
Ninguém pode negá-lo.
Elas não são infinitas.
Tu és infinito
E nessas teclas, a música que fazes é infinita.
Isso agrada-me.
Posso viver confinado a isso.
Pões-me nessa escada do portaló e
Estendes à minha frente um teclado
De milhões de teclas que nunca acabam...
E a verdade é essa, Max, que nunca acabam...
Esse teclado é infinito.
E se esse teclado é infinito,
Então não há musica que possas tocar.
Estás sentado no banco errado.
Esse piano é de Deus.
Vistes as ruas?
Havia milhares delas.
Como consegues lá viver?
Como escolhes só uma?
Uma mulher...
Uma casa...
Um pedaço de terra a que chamas teu,
Uma paisagem para desfrutares,
Uma maneira de morrer?
Todo esse mundo pesando sobre ti.
Nem sequer sabes onde está o fim.
Nunca te assusta a ideia de soçobrares
Ante tal monstruosidade?
Eu nasci neste navio
E o mundo passou por mim .
Mas só duas mil pessoas de cada vez.
Por aqui havia esperanças e sonhos,
Mas cabiam entre a proa e a pôpa.
Expressavas a tua felicidade,
Mas num piano que não era infinito.
Eu aprendi a viver dessa maneira.
Terra?
A terra é um navio demasiado grande para mim.
É uma mulher demasiado bela,
É uma viagem demasiado longa,
Um perfume demasiado forte.
É música que eu não sei fazer.
Eu nunca podia deixar este navio.
O mais que posso fazer é deixar a vida.
Afinal...
Eu não existo para ninguém.
A excepção és tu, Max.
Tu és o único que sabe que eu estou aqui.
És uma minoria e é melhor acostumares-te a isso.
Perdoa-me meu amigo
Mas eu não saio daqui.

1900 ... TIM ROTH
MAX ... PRUITT TAYLOR VINCE
NAVIO ... VIRGINIA
Filme de Giuseppi Tornatori

quarta-feira, 11 de março de 2009

Virginia Woolf




Leio por estes dias adentro o livro de Virgínia “Rumo ao Farol”. Extraordinário, como praticamente tudo o que escreveu. Julgo que em nenhuma outra obra, inclusive da autora, está tão bem definido o trajecto simbólico da dominação masculina e os seus efeitos sobre o próprio homem.

terça-feira, 10 de março de 2009

Centro Português de Fotografia

“O livro vermelho de um fotógrafo Chinês” é o título da exposição. O fotógrafo chama-se Li Ahensheng e era uma espécie de fotógrafo da revolução na China de Mao. Bom fotógrafo ao serviço da revolução cultural de Mao Tsé-Tung. Tão bom, que as fotos carregam em si ao mesmo tempo a propaganda e a denúncia do regime. Fotos encenadas, preparadas, manipuladas, e por isso mesmo com um autor bem definido. O preto e branco para além de outras coisas acentuam o dramatismo e dão-nos a sensação de observar-mos acções distantes no tempo o que não é inteiramente verdade já que muitas das fotos são dos anos 70 e 80 do século XX.
Numa das salas do piso onde esta exposição se encontra patente pode-se visionar um vídeo onde o próprio fotografo fala das fotos e da sua experiência naqueles tempos conturbados. Vive hoje entre a China e Nova Iorque como é claro e fala de tudo com um afastamento um pouco desconcertante, como se ele não tivesse feito parte daquele sistema. Claro que tem agora o argumento de ter registado aqueles momentos que os tornam inegáveis, mas na altura eles serviam para propaganda dos mesmos e isso também é inegável.
3 Formas de ver o Hospital de São João
No último piso, ainda uma outra exposição de fotografia com o intuito de comemorar os cinquenta anos do Hospital S. João. São convidados três fotógrafos para fazer um trabalho sobre o dito hospital em total liberdade. Na minha humilde opinião vale a pena a visita à mesma pelas fotos de Luís Ferreira de Almeida. Fotografias nas quais é evidente a sua capacidade para apresentar de forma particular as estruturas dos edifícios os espaços interiores e até os objectos – dar-lhes um significado. Imagens que nos chamam e nos confrontam com aquele espaço de uma outra maneira que não a habitual. Os enquadramentos, o controle da luz, o jogo cromático, o “silêncio” que existe na maior parte delas, faz com que ache esta a grande presença desta mostra fotográfica.

Das Formas


Edward Weston - Nu (1934)
De como um corpo pode perder todo o seu erotismo e transformar-se apenas numa forma observável.



domingo, 8 de março de 2009

Telescópio Kepler


Foi lançado ontem para o espaço o telescópio Kepler em missão da Nasa com a finalidade de descobrir outros "pontos azuis" - planetas parecidos com o nosso que orbitem em torno de estrelas parecidas com o nosso sol. Com que finalidade não é explicado. Será que é só por curiosidade?

sábado, 7 de março de 2009

Tarde de sábado. Fui ver algumas das inaugurações das galerias de Miguel Bombarda. Hoje, dia especial, já que se inaugurava oficialmente o novo “tapete” que cobre parte da rua. Os desenhos inscritos no mesmo são de Ângelo de Sousa que também tem obras expostas na galeria Quadrado Azul. Inauguração com toda a pompa e circunstância, com a presença do presidente da câmara e o ministro da cultura. Evitando as pompas e as circunstâncias, fiz a visita ao fim da tarde. Quanto à obra em si e ao dinamismo que todo aquele quarteirão está a ganhar só se pode reconhecer mérito aos protagonistas, que não são como é evidente nem o presidente da câmara muito menos o ministro, mas sim os galeristas, os vários lojistas que têm aderido ao novo ambiente criado e os vários artistas, quer os ligados ás galerias quer os que fazem animação de rua. O verdadeiro acontecimento a nível da cidade é mesmo a transformação que ouve a nível do comércio e até de uma certa vivência daquele quarteirão.
Quanto às exposições hoje patentes, limito-me a destacar uma que é a de Gerardo Brumester na galeria Fernando Santos. Esculturas minimalistas usando como materiais o acrílico e o aço com a paleta cromática a que nos tem habituado nos últimos trabalhos. Trabalhos feitos, creio, que propositadamente para o espaço da galeria ou pelo menos tendo em conta o mesmo. Justifica uma visita, ou mais...

As Cores do Dia

sexta-feira, 6 de março de 2009

Vicente Amigo



Código do vídeo
Vou de metro para Gaia – venho de metro para o Porto. Atravesso o rio, portanto – o Douro. O metro chama-se de superfície visto determinadas fases dos percursos serem feitos à superfície. Na carruagem, jovens e menos jovens, olham para telemóveis e ouvem mp3. Eu, olho para eles, tento compreender e quando saímos do túnel olho para fora. Atravessamos a ponte D. Luís, lentamente. Estou sentado de costas para a Ribeira e olho em frente para a ponte do Infante.

Das Formas

Ponte do Infante
António Adão da Fonseca

domingo, 1 de março de 2009

Entrevista

No Diário de Noticias de 27 de Fevereiro – entrevista com Vitorino Magalhães Godinho. O professor nos seus 91 anos mostra-se com uma lucidez e atenção a tudo o que se passa no mundo extraordinárias. Só com uma cultura muito acima da média e uma atenção rigorosa a tudo que se passa à nossa volta em cada momento é possível chegar aqui. A entrevista vem a propósito do lançamento do primeiro volume de “Ensaios e Estudos – Uma maneira de pensar” lançado pela Portugália a semana passada. Mas o homem fala de tudo, ou melhor responde a tudo que é questionado. Fala da crise mundial, da qualidade dos políticos actuais, do 25 de Abril, da qualidade do ensino que temos, etc. Bom! Não deixar de ler quem porventura ainda não tenha lido.
Economia
(…) “A partir de certa altura, a reacção de forças económicas oligárquicas, de grandes empresas e forças políticas operaram uma reviravolta – com uma política oposta que destruiu o que se tinha feito.”
A Técnica
“Criou condições que têm em si a contradição. Houve uma série de invenções que se industrializaram – computadores, telemóveis – e que, entre as várias características, tem uma que é permitir a automatização do trabalho e redução da mão-de-obra. Além disso adoptou-se o imperativo do crescimento e todos os anos os números têm de ser superiores mesmo sem se produzir em função de uma procura efectiva.
(…) E por isso a crise que temos é financeira mas sobretudo de procura.
(…) Não é por acaso, que os nossos inefáveis dirigentes políticos, cuja obtusidade é alarmante, dizem que “é preciso inovar” em vez de proporem uma indústria que não venha criar necessidades.”
“Acho que a nossa classe política é mais do que lamentável. Os nossos políticos não têm ideias e não debatem. Quando há uma critica, ninguém responde, porque há uma incapacidade de argumentar nos nossos políticos. Em todos!”
(O primeiro-ministro)
“É a pessoa que mais me confrange, porque ainda não o ouvi responder a uma pergunta com argumentação. Até deixei de o escutar.”
(O Governo)
“Sabe como destruir o Sistema Nacional de Saúde e o ensino público indo entregar as universidades aos privados…sabe pôr de parte todas as conquistas do mundo civilizado.”
“Os que dizem que as ideologias morreram, têm uma ideologia, a actividade privada, o lucro e um sistema de governação que na aparência imita a democracia mas não é realmente. Nós não temos democracia em Portugal, isso é uma fantasia. Temos um estado corporativo como o Salazar sonhou e nunca conseguiu. Realizamos o que desejamos, que é o poder nas mãos de organizações profissionais.”
“Portugal ficou no século XIX e como não era moderno não havia preparação para o que veio com o 25 de Abril, voltou-se aos defeitos antigos e acrescentaram-se os modernos.”
Europa
“Portugal tem tido um certo êxito em contribuir para o fracasso da Europa. A posição portuguesa é catastrófica é própria de quem ignora completamente o que é a história da Europa e aquilo que ela era para os que a criaram e desenvolveram a ideia de Europa. Há uma traição ao adoptar normas e caminhos que são exactamente os contrários do que se deveria fazer. (tratado de Lisboa) Fez-se à pressa um pseudo-tratado, que é tradicionalista e inadequado à construção europeia e, do ponto de vista económico, um travão sério à resolução da crise. Ainda bem que ele não está em vigor. É uma traição à democracia telo adoptado contra a vontade dos cidadãos, sem discussão. O português atira-se sempre a algo como um dogma, porque gosta muito de os ter. É pouco religioso mas muito dogmático, ritualista e cumpridor de regulamentos. Não é capaz de resolver os problemas pela inteligência.”
Elites
“Não as temos e possuímos o hábito de decorar cartilhas em vez de pensar os problemas. De maneira geral, o português é preguiçoso a pensar e tem falta de noção do que é espírito científico.”