A expectativa foi criada atempadamente, uma semana e tal
antes do acontecimento. Como era de esperar houveram comentários a favor e
contra em termos que foram dos mais razoáveis e apologéticos aos mais
histéricos e desagradáveis. Os dias passaram e chegou o momento. Não direi que
o país parou, mas possivelmente desde o mais desinteressado cidadão ao
presidente da república, não devem ter resistido a visionar o acontecimento.
A coisa foi aladroada como sendo um programa de comentário
político mas neste seu primeiro episódio revelou-se como um espaço para Sócrates
se justificar do seu passado político recente e de acusações que lhe têm sido
feitas. Hora e meia lhe foi concedida para tal. O dito comentário político virá
agora nas próximas semanas.
Os dois jornalistas presentes para o entrevistarem
mostraram-se nada menos que medíocres perante um José Sócrates bem preparado
para o palco das imagens televisivas. Pareceram intimidados por ele,
confundindo números, não conseguindo fazer com que respondesse concretamente a
muitas perguntas, metendo os pés pelas mãos como se costuma dizer.
Ele, Sócrates, por seu lado, mostrou-se seguro mesmo não
estando e sempre dominando as matérias que lhe interessava expor, só falando do que queria. Não menos importante
e já conhecidas, as expressões faciais que utiliza para demonstrar inocência,
contrariedade e injustiça, por exemplo quando os entrevistadores o interrompem
colocando perguntas.
Enfim, era o que se podia esperar de uma entrevista com este
personagem, que deve ter sido exigida pelo próprio como condição para fazer os
programas que se seguem, já que ele está consciente do quanto a estação tem a
ganhar em audiências. Entrevista feita por dois jornalista da casa que o
contratou, sendo um deles o director de programas, portanto o homem que deve
ter tido a ideia de o fazer.
Mesmo querendo ver o acontecimento como mero espectáculo
televisivo acho que não fica outra coisa que uma enorme maçada. Hora e meia
feita de um sujeito com uma lição estudada a defender-se do seu passado e a
falar a maior parte do tempo de números, uma maçada.
Uma ideia sobre a sociedade portuguesa, o contexto social
europeu, o que nos reservam os dias futuros, nada. O que fez durante a sua
vivência de quase dois anos em Paris? Nada de substancial disse igualmente. Já
no final do programa quando é interrogado sobre o falado estudo a que se
dedicou, mais uma vez divergiu e falou apenas do que lhe interessou.
Parabéns