Conheço razoavelmente alguns jovens entre os dez e os
catorze anos, graças ao facto de dar aulas e de ter sobrinhos, mais ou menos
com essa idade. Depois de horas e horas na escola são enfiados em outras
instituições de carácter formativo ou meramente lúdico para, supostamente,
adquirirem outras capacidades que os façam desenvolver física ou mentalmente.
Não vou discutir a qualidade desse ensino que praticam, porque isso seria uma
outra conversa, longa. Mas sim, a quantidade de horas que os fazem passar
nestas organizações, sem os deixarem criar um espaço próprio para se acharem
enquanto pessoas únicas. Cria-se agora a ilusão de que eles através das várias
narrativas imagéticas que lhes chegam através dos novos suportes digitais,
criam um espaço de solidão e auto-satisfação, onde se organizam. Nada mais
falso. Estão sim sujeitos a uma narrativa de sentido único, que os colocará em
tempo oportuno na linguagem do poder. Facto facilmente detectável quando se
fala com eles sobre este preciso problema.
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